No coração do Louvre, entre passos apressados e olhares ansiosos, há um silêncio que se instala diante de um rosto. E o silêncio da Monalisa
Ela não fala, mas diz.
Não sorri, mas insinua.
Não olha, mas observa.
Leonardo da Vinci, alquimista da luz, capturou em 1503 mais que a figura de Lisa Gherardini. Capturou o intervalo entre o mistério e a revelação, entre o instante e a eternidade. Seu pincel, com a delicadeza do sfumato, dissolveu as fronteiras da pele e do ar, como se a figura respirasse ainda hoje.
E no entanto, sua história não é apenas feita de contemplação. Houve um tempo em que a Mona Lisa desapareceu. Um roubo em 1911 fez do quadro manchete, e o mundo inteiro se deu conta de que aquela mulher de olhar calmo já pertencia à humanidade, não apenas a um museu.
Hoje, atrás de um vidro à prova de balas que a protege e ao mesmo tempo a aprisiona, ela recebe multidões que atravessam oceanos para se demorar em seu olhar. Cada visitante leva consigo uma versão da Mona Lisa: para uns, um sorriso tímido; para outros, uma ironia sutil; para poucos, talvez, um segredo guardado.
E assim ela permanece: não como um quadro, mas como uma pergunta.
Quem é ela? O que nos diz? Por que nunca conseguimos deixá-la para trás?
A Mona Lisa não responde. Apenas devolve a cada um o mistério que traz dentro de si.
Sobretudo as sábias palavras de Da Vince refletem exatamente a aura enigmática da obra: “ Não se pinta um sorriso; pinta-se o mistério do sorriso.”
Por Eliane Schuchmann – Colunista
@elianeschuchmann



