Poucos artistas souberam brincar com as formas como Joan Miró (1893–1983). O pintor catalão transformou a arte em um espaço de jogo, onde linhas, cores e símbolos se movem como peças de um brinquedo poético.
Nascido em Barcelona e falecido em Palma de Mallorca, Miró não se deixou prender por escolas ou movimentos, embora tenha convivido com surrealistas e dialogado com nomes como Pablo Picasso e André Breton. Sua liberdade criativa fez da tela um terreno de invenção, em que o simples se tornava mágico.
O lúdico aparece em sua obra como convite à imaginação. Uma estrela que dança, um pássaro que sorri, um círculo que parece brincar de esconde-esconde com o fundo azul. Miró nos devolve ao olhar infantil — curioso, aberto, encantado pelo inesperado.
Para ele, a arte não precisava seguir regras rígidas. Podia ser um jogo, uma experiência de descoberta. “Eu trabalho como jardineiro, ou como vinicultor. Coisas amadurecem lentamente”, dizia, lembrando que criar é tão natural quanto brincar.
Seus quadros, gravuras e esculturas espalhados por museus como o MoMA, em Nova York, ou a Fundació Joan Miró, em Barcelona, carregam esse sopro lúdico. São obras que não apenas se contemplam, mas que despertam sorrisos, perguntas e até a vontade de desenhar junto.
O legado de Miró é nos lembrar que a arte pode ser leve, divertida e, ao mesmo tempo, profunda. Ele fez do lúdico um caminho para a poesia — e nos convida, ainda hoje, a brincar com o olhar diante do mundo.
Concluindo com seu brilhantismo: “Mais importante que uma obra de arte é o que ela semeia.”
Crédito Colunista – Eliane Schuchmann



